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Melizza: uma voz dissonante no sertanejo em Santa Catarina

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A cantora e compositora Melizza Andrade sabia das dificuldades que enfrentaria quando decidiu tentar a sorte no sertanejo. Minoria em um meio machista e heteronormativo, a artista percebeu logo cedo o quanto as mulheres são exploradas no cenário, tanto profissionalmente quanto nas letras, e assumiu como objetivo apresentar a sua perspectiva e ser uma voz dissonante no gênero. Com participação no reality show CANTA+, Melizza vem conquistando o seu espaço sem ter um grande investidor. No ano passado, a manezinha se apresentou com a OSSCA (Orquestra Sinfônica de Santa Catarina) em um tributo à Marília Mendonça (1995-2021). Faltava um trabalho autoral para consolidar uma trajetória em crescimento e “Perfeição tem nome”, EP de quatro faixas, foi lançado no dia 24 de novembro nas plataformas.

Melizza trabalhou com grandes nomes do sertanejo nacional na sua estreia fonográfica. Ao lado de um time de compositores, a cantora assinou duas das quatro músicas de “Perfeição tem nome”, e gravou “Pegando gente”, de Lauana Prado, uma das suas referências no feminejo. O vídeo da canção já passou das 400 mil visualizações no Youtube — assista abaixo. O EP foi produzido por Hugo Silva, que tem no currículo nomes Matheus & Kauan, Fernando & Sorocaba, Felipe Araújo, entre outros, enquanto a mixagem e masterização ficaram a cargo de Amauri Honorato (Marília Mendonça). Nadando contra a maré, a artista divulga no dia 12 de janeiro o single “Coisa errada”, que mistura o sertanejo com o trap e traz a participação de Lionel. Em contato com o Rifferama, Melizza falou que o lançamento de “Perfeição tem nome” foi uma virada de chave na sua carreira e também comentou sobre a sua escolha pelo estilo.

— Eu comecei com o rock, tenho zero preconceito, mas resolvi levar a minha carreira no sertanejo justamente por outros fatores que não são nem a música. De uns tempos para cá, como fui evoluindo como pessoa, percebi o quanto o sertanejo tradicional, universitário, com essa pegada bruta que eles falam que é raiz, é heteronormativo, racista e homofóbico. Eu vim pensando sobre tudo isso enquanto mulher e pessoa LGBT, que minimamente gosta de falar sobre o social, verifiquei como a minha classe não tem representatividade e quis adentrar nesse meio para falar um pouco sobre o que acho e trazer pra fora um pouco disso. Eu queria que esse EP tivesse a minha cara e falasse coisas que eu acredito. “Rodada” fala de relação não monogâmica, que é um tabu enorme dentro do sertanejo, as pessoas só falam em traição, mas não falam em respeito e desejos. Estou me sentindo mais preparada como artista. Quero fazer o caminho inverso do sertanejo.


Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

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