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BLANCAh: dez anos remando contra a maré na música eletrônica

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Há cerca de dez anos, a DJ Paty Laus já era um nome conhecido na noite de Florianópolis, mas não estava feliz com o que fazia, tendo que tocar os hits do momento, incluindo pagode, sertanejo e funk. Em 2014, a produtora, que também é mestre em Artes Visuais pela Udesc, viu a sua carreira decolar na cena eletrônica quando alterou o seu nome artístico para BLANCAh e começou a divulgar o seu trabalho autoral. O conceito foi criado após ler um poema sobre pássaros brancos que nasciam no ar e precisavam aprender a voar antes de se estatelarem no chão. “Eu já era DJ, estava voando, mas era infeliz, precisava reaprender a voar antes de deixar tudo cair. Não queria mais ser uma DJ para agradar o público, queria tocar o que tinha vontade de produzir e entregar para a pista. Fechei todas as portas que tinha aberto”, contou ao Rifferama. Até hoje, grande parte dos seus lançamentos tratam dessa temática, como os EPs “Birds” (2015) e os álbuns “Nest” (2016) e “Arias of Sky” (2020).

Dona do próprio selo, “Hiato Music”, onde pode exercer a sua liberdade criativa, BLANCAh teve as suas músicas lançadas por gravadoras internacionais e desde 2014 faz pequenas turnês pela Europa. Além de Alemanha, Grécia e Sérvia, a DJ catarinense já se apresentou em países como Argentina, Austrália, Bolívia, Chile, China, Egito. Neste ano, a artista entregou um álbum de remixes e seis singles, incluindo um feat com o nova-iorquino Amir Telem. A faixa “Confia”, que saiu em junho, foi parar na playlist de David Guetta. “Essa coisa de suporte faz parte do nosso circuito. A gente precisa ser endossada por artistas maiores para que a gente possa ser vista”, comemorou. Para 2024, BLANCAh está preparando o seu terceiro álbum, que terá a participação do conterrâneo Diogo de Haro. Também estão nos planos dois EPs, sendo um autoral e outro com remixes de músicas que a influenciaram nesses dez anos de produção. Em contato com o Rifferama, a DJ falou sobre o seu momento atual e destacou que não se prente a rótulos.

— O circuito de música eletrônica é muito nichado. Havia o house, o disco, os gêneros eram mais definidos, agora as coisas estão bem misturadas. Sempre fui uma produtora mais livre, sem querer dar nome, isso deu pra minha música um teor mais orgânico. A minha luta hoje é voltar a ter aquela ingenuidade criativa de dez anos atrás. Me encaixam no melodic techno, que está super hypado, mas é um gênero que fiz desde o início sem saber, de trazer melodias e harmonias para os beats. Tenho uma tendência a remar contra a maré e estou nessa fase de entender para onde ir agora, não fugir do que sempre fiz, mas me diferenciar da multidão. Gosto de me debruçar em cima de álbuns, criar um conceito. Na música eletrônica às vezes falta isso, de ser apaixonada por uma banda, colecionar a discografia, cantar as músicas. A música eletrônica tem uma coisa imediatista, é a música do momento, eu sentia falta dessa conexão, de criar um caminho. Esse ano decidir lançar mais, fazer mais parcerias, ampliar meus conhecimentos e dividir também. 2024 é um ano em que quero celebrar.



Foto: Caio Cezar

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

Um comentário

  1. Blancah é demais , curto muito som , e todo esse processo de originalidade !!!

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