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O manifesto antropofágico subtropical do Cucas de Arabutã

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O Oeste de Santa Catarina é o buraco, do buraco do Brasil. Essa afirmação não tem caráter pejorativo, apenas atesta a distância que a região tem dos grandes centros e da cultura de massa, dois pontos explorados com maestria pelo Cucas de Arabutã no seu álbum de estreia, “Cucas de Arabutã nos buracos da estrada d’oeste cabreiro”. O título faz menção a um episódio que ocorreu com a dupla Matheus Francez, que mora em Ipira, e Renan Bernardi, à época vivendo em Concórdia (hoje mora em Florianópolis), em uma das idas de carro para Chapecó, onde gravaram o material no estúdio de Leonardo Zancheta. Produzido a oito mãos, pelos três já citados mais Matheus Bonora, o disco de estreia do duo, lançado no dia 26 de junho nas plataformas digitais, tem uma sonoridade original, que mistura rock, samba, forró, jazz e influências de artistas locais que participaram do registro como André Castaman, Arthur Boscato, Demétrio Panarotto, José Barancelli e Gustavo Matte (escritor e coautor de “Por uma hecatombe astral”).

Tudo no Cucas de Arabutã remete ao Oeste — todos os envolvidos na produção são da região. O nome do grupo brinca com o fato de as cidades se intitularem capitais de alguma coisa, como Concórdia a capital do trabalho, Xavantina a do suíno, sobrou para Arabutã, município de pouco mais de 4 mil habitantes, ser a meca das cucas. “A melhor coisa que existia em Concórdia eram as cucas de Arabutã”, afirmou Renan Bernardi, que canta em grande parte das canções do álbum, mas também gravou teclado, guitarra e violão (veja a ficha técnica abaixo). Em contato com o Rifferama, o músico comentou sobre como ter nascido e vivido longe demais das capitais moldou a música subtropical feita pelo duo, em referência ao trabalho de Matte. Além dessa experiência, Bernardi citou a John Filme como uma das principais influências em “Cucas de Arabutã nos buracos da estrada d’oeste cabreiro”.

— Parte do Gustavo Matte, que tivemos o prazer de ter um refrão escrito por ele, essa ideia do subtropicalismo. A gente não é nem tropicalista, por não estar no Centro do Brasil e assimilando as culturas tipicamente brasileiras, a gente não é nem gaúcho, então tudo pra nós é a coisa antropofágica, a gente vai pegando o que não é nosso, nada é nosso, então tudo é nosso. Eu entendo que nosso álbum seja guiado pela coisa do rock, todo mundo que participa é do Oeste, desde a capa até as participações. Gostamos de citar a John Filme, que despertou na gente essa coisa do local, no “Kol Cover”, ali eles trazem a questão do Oeste que me bateu muito, é uma influência maior, apesar de venerar os irmãos Panarotto (Banda Repolho). É um rock novo, oestino, brasileiro e desbocado. É um álbum sobre a região, mas também do mundo, que se dispersa.

Ficha técnica

Áudio

Leonardo Zanchetta: produção; mixagem; masterização; teclado (faixa 02) e voz (faixa 01)
Matheus Bonora: produção; mixagem; masterização; teclados (faixas 01, 06 e 07); baixo (faixas
01, 03, 04, 06, 07 e 09); violão (faixa 03); cavaquinho (faixa 09); voz (faixas 01 e 06); baixolão
(faixa 09) e ukulele (faixa 08)
Matheus Francez: produção; violão (faixas 04, 06, 07 e 09); guitarra (faixas 01, 03, 04, 07 e 09);
bateria (faixas 01, 03, 04, 07 e 09); percussões (faixas 02 e 06); viola caipira (faixas 03 e 08);
baixolão (faixa 09) e voz (faixas 01, 06 e 07)
Renan Bernardi: produção; voz (faixas 01, 03, 04, 06, 07, 08 e 09); teclado (faixa 02); guitarra
(faixa 07) e violão (faixa 08)
André Castaman: saxofone (faixas 01, 04, 06, 07 e 09)
Arthur Boscatto: violão (faixa 04)
Demétrio Panarotto: voz (faixa 05)
José Barancelli: voz (faixa 01)

Capa

Juliana Dias de Castro: arte
Carol Goch: montagem, panificação das cucas e fotos
Matheus Francez: montagem e fotos
Andressa Colbalchini: edição

Foto: Andressa Cobalchini

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

3 Comentários

  1. Não há nada melhor acima nem abaixo do firmamento!

  2. Muito massa ♥️

  3. Esse guris são feras. Acompanhamos o trabalho. Que bom mais alto ainda. Parabéns "Cucas"!!!

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