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No dia 13 de janeiro, o Palavra Feminina lançou “Pés calejados”, terceiro álbum de uma trajetória que começou em 2001, em Blumenau. Produzido pelo experiente DJ de Brasília (DF) Raffa Santoro, que criou grande parte dos beats, o disco conta com uma série de convidados para celebrar os 20 anos do duo: DJ Yzak, Diego Silva, Marrom SNT, Negro Rudhy, DJ Monkey e Dill Menezes. Além da variedade musical, o discurso forte, amadurecido ao longo da última década, deve levar o rap da dupla para um público maior — os outros trabalhos do Palavra Feminina são de 2006 e 2010.
Em entrevista ao último Miscuta (edição 175), do MIS/SC (Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina), Janaina falou sobre o processo que resultou no álbum. No ano passado, o Palavra Feminina liberou dois singles para promover o disco. A romântica “Esse tal de amor”, que encerra o disco, ganhou um vídeo colaborativo que foi divulgado nas redes sociais do duo. Já a faixa “O tempo”, que também tem clipe, dirigido por Tiago de Jesus, revela outra faceta do som plural de “Pés calejados”. A música traz um solo de guitarra inspirado de Diego Silva.
Maturidade é a palavra-chave “Pés calejados”. O rap contundente do Palavra Feminina, mais agressivo nos dois primeiros álbuns, “Justiça e liberdade” e “Filhos do Brasil”, ganhou outra forma de verbalizar as coisas, mais lapidada. Mas Janaina e Katy seguem criticando o “sistema racista, machista e homofóbico”, tudo isso tendo como base uma sonoridade old school, com bastante groove e até uns toques de rock. O boom bap “Missão” resume o objetivo do duo com o seu rap: “quebrar algemas e levar amor pros morrão”.
“Nosso rap é contundente. Trabalhamos muito a parte da musicalidade aliada à mensagem. Acreditamos nessa união de protesto, de denúncia, de autoestima para a periferia e para as mulheres. “Pés calejados” é todo relacionado a esses temas, fala sobre as dificuldades que passamos nesses 20 anos de história para cantar rap e movimentar a cena num dos estados mais fascistas do país”.
Foto: Lay Venancio
