Dijjy - Ricardo Augusto

Ponto Nulo no Céu sai de cena

Foto: Ricardo Augusto

Foi por causa da Ponto Nulo no Céu que eu voltei a gostar de música cantada em português. Os catarinenses de Gravatal, que se juntaram em 2007, fizeram o último show no dia 31 de agosto, em São Paulo. Como disse o vocalista Dijjy Rodriguez ao Rifferama, a banda de metalcore “acabou por que era a hora de acabar. O rock judia”.

Felizmente, tive a chance de ver uma apresentação da banda, em setembro do ano passado, na Célula (com abertura da Blame). Foi impressionante. Mesmo sem a lotação da casa, os caras tocaram como se estivessem diante de cinco mil pessoas. Fiz questão de comprar CD, camiseta e trocar uma ideia com os integrantes, que se misturaram com o público.

“Brilho Cego”, lançado em 2011, não perde em nada para as bandas gringas do estilo. Produzido por Adair Daufembach, o disco de estreia do PNNC é um dos melhores discos de metal já gravados no Brasil. Enlouqueci quando vi o clipe de Clarão pela primeira vez. Dupla de guitarristas fenomenal, um vocalista versátil, que canta com a voz limpa, mas não economiza nos berros e escreve letras inteligentes, além de uma cozinha poderosa (que baixista!).

Poderia escrever mais dez parágrafos sobre o grupo, mas depois que li a carta de despedida escrita por Dijjy na fanpage do Ponto Nulo no Céu, desisti. Segue o texto:

“Desde o ensaio geral, com todas as participações, a felicidade já tomava conta do clima. A hora foi chegando e fiquei até nervoso antes de subir no palco, mas como sempre, depois que piso ali, tudo desaparece e eu mergulho no mundo dos meus sonhos – acordado. Às vezes fica até difícil de acreditar na dimensão que as coisas tomaram, desde 2007. Fica difícil de acreditar que pude fazer a diferença na vida de tantas pessoas; que fomos tão longe andando contra a corrente, passando por cima de todas as dificuldades, que não deram folga do primeiro até o último show. Por outro lado, sei que tudo foi consequência da dedicação e amor colocado em tudo (tudo mesmo!) que fizemos.

Difícil de acreditar que o dia havia realmente chegado. Mas era tudo de verdade! Um legítimo sonho acordado! O Inferno Club ficou pequeno pra tanta energia emanada. Aquele era o verdadeiro Ponto Nulo no Céu. Verdade e amor estampados nas músicas, nas palavras, nos abraços, no apoio das pessoas, nas amizades concretizadas, nas lágrimas de quem se emocionou e no suor que brotava da pele pra purificar a alma. Por mais que eu coloque palavras aqui, não chegarão nem perto de exprimir tudo que aconteceu desde sexta-feira (dia 30). Então, o que eu posso dizer é muito obrigado! O ciclo se completou e a missão foi cumprida. UNIÃO!”.

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

4 Comentários

  1. É realmente triste ver uma banda tão foda acabar, chega a ser inacreditável.
    Me sinto feliz por ao menos ter assistido um show deles aqui em Porto Alegre ao lado da Redoma. Aquele dia foi incrível, e vai ficar pra sempre na memória.
    E a musica não acaba, o que ta gravado tá gravado, e vai ser repassado de ouvido em ouvido pela eternidade, enquanto houver a união.
    Grande PNNC, muitas felicidades e sorte na vida, pra estes rapazes que realmente fizeram a diferença na cena no rock nacional!

  2. É uma pena a banda ter acabado justo agora que eu comecei a ouvi-lá, mas pode ter certeza que os caras já me deram uma ideia boa nas letras da músicas, o rock aqui devia ser mais valorizado, tem muita banda boa por ai.

  3. Uma sonzeira. E um dos melhores nomes de banda que já vi.

  4. Uma pena que a PNNC acabou, mas feliz por conhecer esses caras e ainda fazer um show juntos com eles. A vida segue

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