Avec Tristesse se separou em 2005 e está de volta para uma pequena turnê pelo Brasil. Foto: Divulgação/Avec Tristesse

Rifferama Entrevista: Avec Tristesse

Foto: Divulgação

1° de novembro de 2004. Me lembro como se fosse hoje. A banda carioca de metal extremo Avec Tristesse, que estava em ascensão na época após o lançamento do segundo disco, “How Innocence Dies” (ouça abaixo), quebrou tudo no saudoso Dusk, antigo Chevette Som, que ficava no limite entre Biguaçu e São José. Ter contato com um dos melhores grupos do metal nacional foi incrível. Em 2007 os caras se separaram, mas deixaram gravado um novo álbum – “Use & Control”. Seis anos depois, eles estão de volta para mostrar esse trabalho, que sai em outubro pelo selo Warlock Produções, e fazer alguns shows pelo Brasil. O Rifferama conversou com o ex-baterista e agora vocalista e guitarrista Nathan Thrall (o primeiro da esquerda para a direita), que contou os detalhes desse retorno.

Rifferama – Quando decidiram se reunir? Estão ensaiando? Como serão os shows?

Nathan Thrall – Eu me afastei em 2005 no meio da gravação do terceiro disco. Eles ficaram mais algum tempo, mas o Pedro (Salles, vocalista e guitarrista) já tinha se mudado para São Paulo e ele também já tinha perdido o tesão. É muito difícil dar ênfase à vida musical (metal) morando no Brasil. Tem pouco tempo, mas o papo já existia de voltarmos para esse lançamento. A agenda de todos é muito complicada, mas finalmente com o terceiro disco saindo do forno, estamos nos esforçando muito para fazer essas datas, ter esse momento juntos com a oportunidade de rever alguns amigos e fãs.

Por causa da distância e da agenda o ensaio com a banda é pouco, mas o que aconteceu até agora foi muito bom e curtimos muito estar em estúdio novamente. Ainda não definimos muito a parte de produção visual e detalhes. Infelizmente acho que não deve ter nada de mais, pois ninguém tem tempo para cuidar disso. Se a gente achar o pano de fundo e os dois banners de palco já deve ser muito! Vamos contar que o som esteja muito bom e todos possam curtir muito como nós iremos.

Rifferama – As datas já estão fechadas? Como está sendo o sentimento da reunião?

Nathan Thrall – Estamos fechando São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e o que mais aparecer para os dois únicos finais de semana que conseguimos ter livre em novembro. As datas estão para confirmar em poucas semanas. Sentimento de saudade, da falta que faz estar no palco e principalmente de reviver tudo que foi construído e vivido. A oportunidade de lançar o disco e terminar a minha participação na banda é boa e ruim ao mesmo tempo, mas ter isso como o fim de um ciclo me faz bem.

Rifferama – Como foi deixar a bateria e assumir o posto de guitarrista?

Nathan Thrall – Antes de sair da banda, decidimos que eu ficaria com os vocais rasgados. Mas seria mais para o quarto disco, pois o terceiro já estava preparado para a voz do Pedro. As baterias já estavam prontas e até participei das gravações dando suporte ao Bráulio (Azambuja, do Unearthly) durante toda a gravação. Mas o meu tempo já tinha se esgotado e muita coisa estava acontecendo. Com isso me afastei, pois seria melhor para o grupo. O Bráulio continua na formação e a banda está sem uma das guitarras, então eu vou assumir muitos dos vocais e tocar em algumas músicas.

Capa de "Use & Control". Foto: Divulgação/Avec Tristesse

Capa de “Use & Control”.
Foto: Divulgação/Avec Tristesse

Rifferama – O que dá para falar sobre o “novo” disco?

Nathan Thrall – O “Use & Control” foi gravado em 2005 e finalizado ao longo desses anos por falta de tesão e grana do Pedro. Depois que eu saí da banda ele já estava em São Paulo e tudo ficou mais complicado. Podem conferir como ficou o som por aqui.

Rifferama – Quais são as lembranças dos shows aqui em Santa Catarina?

Nathan Thrall – Nossa primeira tour aí foi maravilhosa! Bom público, pessoas bacanas, a gente adorou o dono (do Dusk) e a família dele, e principalmente te conhecer pessoalmente! Infelizmente a segunda tour (em abril de 2005) foi fraca e foi na verdade o começo da perda de tesão da maioria da banda.

Rifferama – Como tu analisa a posição do Avec Tristesse no cenário do metal e que tipo de contribuição tu acha que a banda deu enquanto esteve na ativa?

Nathan Thrall – O Avec é uma banda há quase dez anos parada, mas acredito que pela proposta e ideias, a banda teria se firmado muito mais na cena, mas nunca conhecida de verdade. Pelos contatos e sonoridade certamente já teria rolado tour na gringa, mas ainda estariam todos sem dinheiro (risos). Acho que a mistura dos estilos feita com bom gosto conseguiu agradar a gregos e troianos.

O “Ravishing Beauty” é um disco que era para ser um EP. A Hellion que teve a sacação de lançar como CD e foi a nossa salvação, pois conseguiu jogar a gente no mercado. É um disco de boas músicas, mas eu adoraria regravar ele todo e colocar umas bônus. O “How Innocence Dies” já é outro papo. As letras têm uma história, as músicas têm mais maturidade com o que pretendíamos fazer e nós como trio estávamos bem afinados e criativos. Claro que alguns anos depois vemos muitas coisas que gostaríamos de mudar na mixagem, mas só a gente certamente vê isso!

Rifferama – Para fechar, gostaria de saber qual é o teu riff preferido?

Nathan Thrall – O de “As Years Passed By” aos 6:45.  É a minha música preferida na banda. E o lead mantra da “The Cry of Mankind” (My Dying Bride).

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

4 Comentários

  1. Mas bá! Pelo cachecol do hômi do meio achei que os rapaze era gaudério!

    Massa o som dos caras!

  2. Das melhores bandas de metal que esse país já viu... curti demais o How Innocence Dies, um dos melhores discos já feitos por aqui, na minha opinião. Vou conferir esse trabalho com calma, porque esses caras merecem.

  3. Vou escutar de novo o trabalho deles pq nem lembro direito na verdade rs

  4. Acho que essa é a única banda nacional que eu realmente sinto por ter acabado. O "How Innocence Dies" é um álbum primoroso. Tive a oportunidade de tocar com a Shadow of Sadness nesse show do Dusk e as memórias são muito boas. É pena que o metal não dá retorno, porque essa é uma banda que merecia ir longe e ter todo o reconhecimento. Esperando pra ouvir o "Use e Control"! Certeza de música boa!

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