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Cujo Death denuncia massacre dos povos originários em single

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A primeira encarnação da Cujo, de Florianópolis, durou entre 2009 e 2011. Nesse período, a banda lançou uma demo, “Six Bells of Fate”, que está nas plataformas como “First Chapter”. Após alguns anos de inatividade, o quarteto formado por Lucas Sutkoski (voz), Gregor Holmes (guitarra), Luiz Carlos “Batata” (baixo) e Leandro “Alemão” Grosseli (bateria) voltou a ensaiar em 2018 pensando em mudar de direção, mas a reunião não aconteceu como o esperado. Com a pandemia, o grupo se transformou em trio, com o guitarrista assumindo os vocais e Pedro Panzera como novo baixista e somando Death ao nome. Cheios de gás e empolgados com o que vem pela frente, os músicos estão produzindo um segundo trabalho, um EP de seis faixas que apresenta essa outra face do projeto, tanto em estética quanto liricamente. Os dois singles divulgados até o momento, “Manicômio” e “Paralelo 11”, com letras em português, trazem uma sonoridade mais direta, com influência do hardcore.

Se no começo, a pegada era um death metal mais tradicional, com referências de Morbid Angel, Krisiun e Khrophus, com críticas à religião, agora a Cujo Death volta o seu discurso para temas sociais e políticos. “Paralelo 11”, que ganhou um videoclipe editado pelo próprio grupo, fala sobre o genocídio do povo indígena cinta-larga da Amazônia, em 1963, no Mato Grosso, quando 3,5 mil membros da aldeia foram mortos por homens contratados por uma empresa de extração de borracha. “Manicômio” conta a história do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (MG), onde 60 mil brasileiros morreram até o fechamento da instituição, nos anos 90. O futuro EP, que ainda não foi batizado, deve contar com músicas em inglês e português. “Quando a gente entende que é um tema mais global, passamos para o inglês, quando for algo local fazemos em português. A ideia é alternar entre temas que peçam a sua língua, não vejo motivo para ficarmos presos em uma linguagem”, explicou Gregor Holmes. Em contato com o Rifferama, o vocalista e guitarrista falou sobre o novo direcionamento da Cujo Death.

— Voltar para fazer o que a gente fazia não tinha mais sentido, muita coisa não encaixa mais com aquilo. Montamos a banda pensando em um quarteto, mas a gente não conseguia ninguém para cantar e pensei em aprender. A minha mulher ficava doida comigo, ficava rosnando pra lá e pra cá, machucava a garganta, mas depois de um tempo encontrei uma técnica que funcionou pra mim. O Pedro (baixista) entrou com vontade, e por ter vindo do hardcore tinha essa ideia da mensagem política nele, trouxe muitas ideias, tenho certeza que vai durar muito tempo. Escrever em português é um desafio muito maior, de ter um sentido e passar uma mensagem mais forte. Somos pessoas politizadas e isso acabou entrando na banda naturalmente. Tudo é político. Quando a gente fala sobre questões indígenas, vamos esbarrar em política. Não queremos fazer música por fazer. Se a gente conscientizar uma pessoa já valeu. Já pegamos duas músicas em português para mostrar essa cara nova da banda, com músicas mais rápidas, curtas e agressivas, tentando ser mais direto ao ponto. 


Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

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