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Scalene volta a Florianópolis para o Rock’n Park

Foto: Breno Galtier

Fui a dois shows do CPM 22. Em 2002, na saudosa Lupus Beer, e em 2004, quando concordei em ir ao Planeta Atlântida por causa do Sepultura. Época boa para o rock. No ano seguinte, o CPM, principal atração do Rock’n Park, festival que acontece neste sábado (2), no Devassa on Stage, teve a música mais tocada nas rádios do Brasil.

Além do CPM 22, o cast do evento terá a Band Nud, de São Paulo, o Scalene, e o Invvicta, grupo de metalcore de Florianópolis. Apesar de não ser atração principal, o Scalene é o grande destaque do Rock’n Park. O quarteto de Brasília (DF), que lança o primeiro DVD da carreira em julho, se apresentou na Capital no ano passado, logo após a participação no Superstar.

O guitarrista Tomas Bertoni esteve na Escola de Música Rafael Bastos no dia 20 de junho, onde palestrou sobre o mercado independente no Brasil. Foram quase duas horas de informações valiosas sobre o caminho do Scalene até o sucesso e a atuação da sua produtora cultural, a Rockin’ Hood. O Rifferama teve a oportunidade de entrevista-lo pela terceira vez (confira aqui e aqui os posts de 2013 e 2015). Tomas falou sobre as novidades da banda e a participação no Rock’n Park.

Rifferama – O DVD “Ao Vivo em Brasília”, gravado na Arena Lounge (estádio Mané Garrincha), tem três músicas inéditas. O Scalene está preparando um novo disco?

Tomas Bertoni – Nem lançamos o DVD e a galera quer saber o que vem depois. Não compomos o suficiente para ter essa noção. Nos divertimos no processo e, com certeza, ficará com mais influências de música brasileira. Não vamos virar o Nação Zumbi, mas estamos conhecendo muita coisa nova e empolgados com os CDs da Elza Soares, Metá-Metá… tem uma coletânea muito boa no Spotify que se chama “Rough Guide to Psychedelic Samba”. Estamos explorando esse universo, que influenciará no sentido de como encaramos os arranjos. Ficará mais percurssivo. O Scalene muda muito, mas sempre mantendo a identidade e referências.

Rifferama – Quais são os planos para o lançamento do DVD?

Tomas Bertoni – Lançamos o making of no dia 20 (de junho). Dia 27 saiu Vultos, um single ao vivo, algo que nunca tínhamos feito. Ela tem uma vibe diferente nos versos, mas é bem pesada. No dia 6 de julho terá uma première no Cinema de Rua, em São Paulo. Depois faremos uma transmissão única no dia 16 de julho, no Youtube. Vamos passar o DVD e esse link vai sumir. Também terá um lançamento exclusivo no Spotify (só o áudio). Entre os dias 15 e 18 os DVDs chegam às lojas. Também estará disponível no iTunes. Pirateiem se quiserem, mas assistam pelo menos uma vez em boa qualidade, por favor. Fizemos com muito carinho e ficamos bem satisfeitos com o resultado.

Rifferama – Geralmente se associa o lançamento de DVDs a artistas renomados. Qual o tamanho do Scalene hoje no cenário brasileiro?

Tomas Bertoni – Não considero o Scalene uma banda grande. No âmbito do rock, talvez, mas falando no mainstream nacional, o próprio DVD é um produto contundente para nos fazer continuar crescendo, mostrar o nosso show com uma estrutura inflada. Enxergo o Scalene numa espécie de “meiostream”, que no Brasil na prática não existe. Não temos casas de show para 800 a mil pessoas para rodar o Brasil. Na Europa e nos Estados Unidos têm. Nossa banda teria muito mais condições de existir por lá. Estamos satisfeitos, de certa forma vivendo um sonho. O próprio caminho já é parte do prazer da coisa, por mais que seja difícil, estamos felizes com as repercussões, a posição que estamos e o bem que fazemos para o mercado, a renovação que está acontecendo.

Rifferama – Como está a expectativa para voltar a Florianópolis? Vocês gostam de tocar em festivais?

Tomas Bertoni – Acabamos de tocar no João Rock (Ribeirão Preto) com Supercombo e Far From Alaska. É sempre divertido e gratificante. O CPM 22 é uma banda mais antiga e será bom para nos divulgar para uma galera que não nos conhece, como também será bom para eles também. Levaremos um público que nunca viu ou não vê um show do CPM há dez anos. Falta isso no rock. O Victor e Leo colocaram a Paula Fernandes para abrir dezenas de shows deles, uma prática que o rock faz nos EUA e na Europa. Aqui não é feito por falta de condições, às vezes, e um pouco de falta de vontade e sagacidade. Nos cruzamos na estrada, respeitamos pra caramba eles, mas não conhecemos a galera. Estamos empolgados.

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

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