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“Borders”, o refrescante pop contemporâneo de Leo Dressel*

*por Luíza Mazzola

Leo Dressel não é um novato na música: o artista despontou em 2015 com seu primeiro EP, “Relax, Leo”, que hoje contabiliza milhares de reproduções no YouTube e no Spotify. Esse primeiro registro coloca em evidência seu talento musical, tanto nas letras das canções quanto nas melodias, como na belíssima “Change My Mind”. Em junho deste ano, 4 anos após o lançamento do primeiro EP, o joinvillense radicado no Canadá irrompe com seu primeiro álbum, “Borders”.

O pop moderno do artista flerta também com a música eletrônica e o R&B em um registro generoso, que conta com 16 faixas. A capa do álbum, em que o músico aparece com o peito à mostra, simboliza o ponto nevrálgico do álbum: Leo Dressel se despe e derrama em “Borders” sua personalidade e suas experiências pessoais. A leveza das faixas pode enganar um ouvinte desatento, mas a obra está longe de ser superficial ou lugar-comum: o músico foge de fórmulas clichê estilo “I love you, I need you, I miss you”, frequentemente presentes em letras de pop, presenteando o público com letras densas, de vocabulário amplo e que realmente dizem algo, coroadas por sua irretocável pronúncia do inglês. Temas como ansiedade, mudanças, relacionamentos, transformações, adaptações, certezas que se liquefazem e um sentimento de melancolia frente aos paradoxos e inseguranças da vida se rendem à pena de Leo Dressel, sentimentos com os quais todos nós podemos nos identificar em alguma medida.

As melodias trazem texturas sonoras coesas e beats leves, mas repletos de detalhes cuidadosos e bem amarrados, que se traduzem em um pop cirúrgico, complexo e muito bem polido. Se o primeiro EP do músico se caracteriza por produzir uma atmosfera mais intimista e orgânica que remete à sonoridade de John Mayer, uma de suas referências assumidas, “Borders” traz faixas mais dançantes e mergulhadas em efeitos, com letras que preenchem com maestria as melodias cuidadosamente trabalhadas. Merecem destaque as impecáveis “Purple Space”, “Down and Up”, “Lie” e “Into Me”, as duas últimas são minhas preferidas do disco, e fazem com que seja impossível ficar parado.

No período de transformações dinâmicas e intensas em que vivemos, marcado pela sede pelo novo, “Borders” se destaca precisamente pelo seu caráter irreverente e inovador. Leo Dressel foge da irritante tendência do pop de reproduzir mais do mesmo, e oferece ao público, por sua vez, um refrescante pop contemporâneo, vibrante e memorável.

*Luíza Mazzola é professora de francês, tradutora, revisora, doutoranda em Literatura na UFSC, mas antes de mais nada, amante da música

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

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