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EP “Amargo como sou” traz o rap para cantar de Vini Lake

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Quando apresentou o EP “Stereotonia”, em 2021, um dos melhores trabalhos daquele ano segundo o Rifferama, o cantor, compositor, guitarrista e produtor Vini Lake ainda estava tentando se encontrar como artista. A voz suave do baiano de Itabuna radicado em Brusque parecia não encaixar no rock triste e por vezes psicodélico da L A K E, que era um meio termo entre Radiohead e Pink Floyd. Como a banda não foi adiante, Vini começou a trabalhar no mesmo ano em um repertório solo. O primeiro single, “Vem”, gravado no Estúdio Pistache para um edital, já trazia essa estética mais próxima do pop, que ganhou novos contornos no EP de estreia, “Amargo como sou”, que saiu no dia 26 de agosto. Produzido pelo próprio artista, o material tem grande participação do rapper v7tinho, outro músico que escolheu a cidade do Vale do Itajaí para viver — o paulista está em três das cinco faixas do lançamento, incluindo “Nada é à toa”, que já tinha sido divulgada no ano passado, mas ganhou outra versão (ainda melhor).

Mas a influência do parceiro não está apenas nos créditos de composição de “Amargo como sou”, por causa dele Vini Lake começou a olhar mais para a música negra, principalmente o hip hop e o soul, mas o contato com v7tinho também o fez abrir os olhos para questões pessoais como pessoa preta. A sonoridade do EP tem essa estética do beat e mistura o rap com algo mais cantável, adicionando guitarras e outros elementos. Pesquisador e inquieto, o artista está sempre navegando em ondas diferentes, descobrindo para onde pode ir no trabalho seguinte, que no caso, são dois. O planejamento do futuro próximo inclui um álbum de indie e começar a produzir algo na estética do lo-fi, seu objeto de estudo atual. Em contato com o Rifferama, Vini Lake explicou o título do EP e como ele se relaciona com as músicas e também como a parceria com v7tinho moldou a sonoridade de “Amargo como sou”.

— Eu conheci o v7tinho naquela época da L A K E e comecei a pirar na música negra. De onde eu vim eu consumia muito rap, mas eu não via o rap do jeito que comecei a ver quando conheci ele. A gente se conectou legal, era um cara que às vezes chegava sem verso nenhum e tirava um coelho da cartola. Gosto de trabalhar com coisas distorcidas, explorar o universo da estranheza e fui buscar essa sonoridade mais espacial, flutuante. Quanto mais estranho, melhor. A ideia do EP traz um pouco de mim. Sou uma pessoa que tenho muito essa coisa da conspiração, sempre acho que o mundo vai acabar e que estamos no limite, de ter vivido tanta coisa ao ponto de se tornar meio amargo, de não se importar, já não temos mais medo de partir em direção ao sol. Esse pensamento de se acostumar com a solidão, que é uma dádiva. Eu nunca fico parado. Agora as minhas coisas já são outras. Gosto de explorar, pesquisar e fazer música é como deixar registros meus no mundo. Música é registro de momento, das coisas que estou sentindo.

Foto: Lilian Camila

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

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