O Rifferama tem o apoio cultural de 30 Por Segundo, Habrok Music e Mini Kalzone
Aline Amorim — Sons que me tocam
Ao ouvir “Sons que me tocam”, primeiro trabalho da compositora Aline Amorim, nem parece que em questão de dois ou três anos atrás a jovem artista de Lages estava postando covers no Youtube. O repertório de boas e variadas canções, do pop ao jazz, passando pela música brasileira, somado ao desembaraço no canto, geram expectativa para trabalhos futuros. Viabilizado por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, “Sons que me tocam” teve todo o processo de produção documentado no canal da artista de Lages, que filmou clipes para as três músicas.
Augustinho da Silveira — Freguesia açoriana
De onde viemos diz muito sobre quem somos. Essa reflexão foi determinante para que o cantor e compositor Augustinho da Silveira, de Florianópolis, escolhesse o repertório do seu primeiro EP, que tem direção musical de Pedro Germer (Grillo e os Mosquitos). Conceitual, “Freguesia açoriana” versa sobre o cotidiano da cidade de uma maneira simples, mas comovente, como referências mil à cultura ilhéu nas letras. Com um instrumental refinado de suporte, Augustinho fez uma estreia segura, abraçado as suas raízes.
Casagrande & Hanysz — Edge of Chaos
No começo da pandemia, ainda em 2020, o baterista Eloy Casagrande (Sepultura) lançou um desafio para os seus seguidores no Instagram. O guitarrista João Flávio Hanysz, de São Bento do Sul, chamou a atenção e participou de três jams. Após a terceira colaboração, o catarinense recebeu uma mensagem do músico com a proposta de criarem uma música juntos. O entrosamento deu tão certo que a dupla produziu um EP instrumental, “Edge of Chaos”, que aposta em ritmos complexos e percorre diversos caminhos, como o djent e o metal progressivo, principalmente, mas sem perder a musicalidade.
O cantor e compositor Daniel Arena teve um ano movimentado. Após lançar o seu terceiro álbum, “La contenta bar”, o músico anunciou a produção de quatro EPs. “Callisto”, que abre a série, saiu em novembro e traz o primeiro feat. da carreira, dividindo os vocais com Benjamin Existe em “The Coast Inside”. O material ainda traz “Pure Water”, uma das suas melhores músicas até o momento, e a instrumental “The Wind & The Bird”. Em constante evolução, Arena se destaca pelo uso do Weissenborn (guitarra havaiana), trazendo uma sonoridade diferente para o seu folk rock.
“LaMachi”, primeiro EP solo da cantora e compositora Emilia Carmona, é um trabalho particular, expressão que serve para descrever algo único, mas também íntimo. E as três músicas revelam demais: a artista de Florianópolis aborda temas como a saudade de amor, os enfrentamentos maternos e a solidão, e exalta o seu sangue latino (é filha de pai peruano e mãe brasileira), seja na sonoridade moderna ou nos versos em espanhol de “Encantaria”, faixa que encerra o EP. “LaMachi” tem produção de Mateus Romero e mixagem e masterização de Francis Pedemonte.
Com músicos de Balneário Camboriú e Itajaí, a I See You gravou o seu segundo EP em fevereiro de 2020. “Wake Up, Monster!”, produzido em parceria com Guilherme Kikuchi, ficou guardado até o dia 30 de novembro. Sucessor de “Dope Generation”, de 2019, o novo material da I See You acerta em cheio ao conseguir registrar em estúdio a energia que o grupo despeja em cima dos palcos. “Wake Up, Monster!” tem um som pesado e sujo, com destaque para os vocais agressivos de Kyuan Oliveira e a parede sonora formada por Anderson Davi e Juliano Ferreira nas guitarras e a bateria de Marcelo Maia.
“Stereotonia” é um trabalho difícil de rotular. O primeiro EP da banda L A K E, de Brusque, começa numa onda pop e animada, contrastando com a letra de “Distorções cognitivas”, e vai ganhando outros contornos nas quatro canções seguintes. Com um vocalista de timbre especial, o grupo ensaia um reggae em “Olhos abertos” e surpreende em “Interestelar”, que preenche mais de 1/3 da duração do EP. Camadas de vozes, sintetizadores e um solo de guitarra inspirado fazem dessa balada progressiva uma das melhores músicas do ano. E eu ainda não descobri o que significa “Stereotonia”…
Lucca Poeta voltou tão confiante de Curitiba (PR) com as quatro faixas que gravou com o produtor Eduardo Mangueman, que deixou “Sofrer é um vício”, uma das suas melhores composições, fora do repertório do EP “Quebra-cabeça”. Após uma série de dez singles lançados entre 2019 e 2021, Poeta, que também é um baterista talentoso, divide o material em duas frentes. “Lucy” e “Coltrane” são mais pop, enquanto “Rolê na City” e “Efeito mola” o rap sobressai, incluindo um speed flow na última música. Uma das melhores descobertas do ano.
“Quer entender Maloka Nunes? Esqueça Stefanie”. “Espelho” é um relato corajoso sobre quem o cantor e compositor Maloka Nunes quer ser. Entre discussões sobre gênero e versos confessionais, as letras do artista refletem uma virada de página, um processo de transição emocional e a redescoberta do amor em meio a tudo isso. O talento para rimar continua o mesmo e, amparado por uma produção sofisticada, a cargo de Patricio Sid, e participações que somam no contexto, Malo entregou o seu trabalho mais especial.
“Cara a cara”, do multiartista Marcoliva, foi produzido com a colaboração de mais de 20 pessoas, das letras aos músicos envolvidos, passando pela parte gráfica e audiovisual. O seu primeiro EP como artista solo, após cinco álbuns gravados com a cantora, compositora e bailarina Tatiana Cobbett, valoriza a poesia. Os arranjos conduzidos pelo baixista Rafael Calegari são econômicos e as faixas não rompem a barreira dos três minutos, uma proposta arrojada de quem ainda se permite experimentar depois de anos e anos de trajetória.
Natacha Kamila — Poeira no infinito
Com “Poeira no infinito”, a cantora, compositora e violinista Natacha Kamila emplaca a segunda indicação nos Melhores do Ano do Rifferama: em 2019, o álbum “Liberte-se”, do Di Fulô, foi um dos citados na lista. Além do trabalho solo, Natacha participou da formação do Semserteza e colabora com o projeto Lado B. “Poeira no infinito”, que ganhou uma versão audiovisual, apresenta três canções, uma melhor do que a outra, com arranjos e convidados de alto gabarito, dignos de uma artista completa.
Victor Pradella — Antes da boa hora
Nos últimos anos, Victor Pradella, vocalista e guitarrista da banda O Muro de Pedra, direcionou as suas energias para as atividades de produção musical e arranjador. “Antes da boa hora” é o seu primeiro trabalho solo desde o álbum “Na casa da colina (Ao vivo)”, de 2015. As quatro canções foram escritas há alguns anos, mas parece que vieram ao mundo no momento certo. “Coisa boa é voltar pra casa”, por exemplo, ganhou outro sentido após o artista ter se tornado pai — Pradella é companheiro da também musicista Arele Vachtchuk. “Antes da boa hora” é música feita com o coração.
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