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Os melhores EPs lançados em Santa Catarina em 2018

Ouça a playlist exclusiva com os melhores lançamentos de 2018


Bryan Behr – Da cor do girassol

Bryan Behr teve um 2018 e tanto. Natural de Brusque, o compositor de 22 anos apresentou como cartão de visitas uma gravação ao vivo no estúdio Silvertape, de Balneário Camboriú. O formato voz e violão é um terreno seguro para uma estreia, mas o músico convence ao falar de amor de maneira simples – sem soar piegas – e cativa com a sua voz suave. “Da cor do girassol” foi lançado em outubro nas plataformas digitais e aponta um futuro promissor para Behr, que já está colhendo os frutos pelo seu trabalho – o artista tem contrato com a Deckdisc.

Canibais Vegetarianos – Deixe que vá 

O que os Canibais Vegetarianos conseguiram no seu primeiro EP, “Deixe que vá”, é para poucos. O trio de Agrolândia trouxe um frescor para o combalido indie rock. Em pouco mais de dez minutos, Níkolas Schaffer (voz e baixo), Alan Munsfeld (guitarra) e Marcelo Sutil (bateria) mostram como se faz: músicas dançantes, com bastante groove, ótimas linhas de guitarra e boas letras em português. A produção de Rafael Rossetto, guru da cena do Alto Vale, deu o refinamento necessário para as composições. Surpresa do ano.

Ever Bronco & Bahls – Atividade dobrada 

A magia do rap é fazer muito com quase nada. A combinação de beat pesado com sample “jazzy” em “Atividade dobrada”, faixa que abre e batiza o EP da dupla Everton Bronco e Matheus Bahls, indica a qualidade desse trabalho. A diferença entre os dois MCs, na voz, no flow ou liricamente, contribui para o dinamismo do material – a escuta acaba num estalar de dedos e a gente acaba ouvindo repetidas vezes até viciar. O resultado que esses jovens ostentam em “Atividade dobrada” surpreende ainda mais ao descobrir que tudo foi produzido em casa. Do caralho.

Frankenchrist – No Love 

“No Love”, segundo EP da Frankenchrist, de Chapecó, não tem a potência de “Wounded Healers”, lançado em 2017. No entanto, a proposta do trio está mais madura. Existe espaço, inclusive, para uma música em português, a desoladora “Náufrago”. O clima angustiante permeia as quatro composições: é rock triste na essência. A exemplo do debute, “No Love” foi gravado no estúdio Calamar, em Florianópolis, por Júlio Miotto (Cobalt Blue), mestre em tirar o melhor timbre de cada banda. A Frankenchrist soa tão orgânica quanto possível e isso é maravilhoso.

Gui Natel – Terraví 

Com dois discos e dois EPs gravados com o Caraudácia, Gui Natel já é um talento reconhecido da música catarinense. “Terraví”, primeiro trabalho solo do compositor, é uma miudeza. Como se não bastasse ser um bom cantautor e um grande instrumentista, o músico tem uma sensibilidade fora do comum. “Raio trovoada”, “Maria samambaia” e “Feitiço” estão entre as melhores músicas do seu repertório. Para ouvir sorrindo e se deliciando com os detalhes.

K47 – Tríade 

Grande parte da crescente visibilidade do rap em Santa Catarina se deve pelo fato de as mulheres estarem ocupando o seu espaço na cena. Não faltam exemplos de talento, seja solo, como Andressa Versa, Ju Sofer e Bruna Gritto, ou em grupos – Trama Feminina, S.K.I., Mara Sarva Truta e Palavra Feminina. Em Florianópolis, K47 (Ka Alves) coroa esse momento com “Tríade”. A versatilidade da rapper é o que mais chama a atenção no EP: Ka abraça o pop no refrão de “Tô pronta” e, assim como a sua alcunha sugere, dispara as suas rimas afiadas em “Kalma”. Alto nível.

Kia Sajo – Mutá 

A cantora e compositora Kia Sajo apresenta um som multifacetado em “Mutá”. O EP abre com a faixa-título, que evidencia as influências da música brasileira, mas com uma roupagem moderna – a tônica desse trabalho. Tem batida de samba, levada latina e aquele toque experimental característico do trip hop. A parceria com o produtor Lucas Romero (Eras Records), que começou em 2017 com o ótimo single “Presa no ar”, deu tão certo que se estendeu para outros projetos. A julgar pela qualidade de “Mutá”, Kia tem um grande futuro pela frente. 

Parafuso Silvestre – Atos mortos 

Quatro anos separam a formação da Parafuso Silvestre, no curso de música da Udesc, até o lançamento do EP “Contra o corpo e contra a mente”, em março do ano passado. Durante esse tempo, Taro Löcherbach (voz e guitarra), Julio Victor (baixo), Bruno Arceno (guitarra) e Juarez Mendonça (bateria) pensaram em todos os detalhes para chegar com os dois pés na cena. Em “Atos mortos”, o quarteto eleva a barra lá em cima: letras maduras, instrumental bem construído, com ênfase na guitarra, e vocais marcantes. Uma banda que já nasceu grande. 

Ruas Diferentes – Nunca foi genérico 

Quando o Ruas Diferentes abriu os shows de Criolo e Marcelo D2, em Balneário Camboriú, “Nunca foi genérico” ainda não tinha sido lançado. Com seis faixas, o EP reúne composições da cantora Maloka Nunes e do rapper Geum. O grupo aposta nos refrãos e as músicas têm fôlego de sobra: todas beiram ou passam dos cinco minutos de duração. A sonoridade transita entre o pop e o rap, mas a balança pende para o lado mais romântico e comercial. Com beats e samples de extremo bom gosto, o trio de Itajaí, que ainda conta com o DJ Guro, poderia facilmente figurar na programação das principais rádios do país. 

Space Chicken & The Eggs of Disaster – The Transcendental Object at the End of Time, pt. 3 

O tributo do guitarrista Felipe Oliveira Gall ao guru da chapaceira Terence McKenna se desmembrou em três volumes. A última parte, lançada neste ano, é o ápice criativo do músico, que também toca nas bandas Cobalt Blue e Magnólia. A viagem começa com “True Hallucinations” e seus quase nove minutos de riffs e ambiências características do mentor da Space Chicken & The Eggs of Disaster. Deve ser coincidência, mas a terceira faixa de cada EP carrega uma aura especial e “Entheogenic Singularity” sintetiza o que esse projeto tem de melhor. Ansioso pelo que vem a seguir.

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

Um comentário

  1. Ihul, é nóx, parabéns pelo rolê todo aí, viva Rifferama! :D

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