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“Via Várzea” e o som único da Orquestra Manancial da Alvorada

Certas bandas são capazes de gerar expectativa apenas pelo fato de existir. O próximo show, um novo lançamento… tudo é motivo para a euforia. No caso da Orquestra Manancial da Alvorada, contei os dias para poder ouvir “Via várzea”, álbum de estreia do grupo. O trabalho, financiado graças ao 5º Prêmio da Música Catarinense, no qual Julian Brzozowski e sua trupe venceram a categoria “Artista revelação”, é um assombro.

Mas será que um disco pode surpreender mesmo tendo grande parte do seu repertório conhecido do público? Das sete peças de “Via várzea”, apenas a pequena instrumental “Pantristocracia” é inédita. Tive a oportunidade de conferir a OQMA em diversas ocasiões, em casa de show, teatro grande, palco acanhado e, passado o mindfuck do primeiro espetáculo (abertura para o Boogarins), foi só alegria.

Já me emocionei muito ao som de “Elektromato”, primeira composição de Brzozowski (voz, saxofone tenor, violão e ukulele) para o projeto, ainda em 2015, e que encerra esse álbum de forma apoteótica. E cabe aqui ressaltar que, como a maioria das bandas, a Orquestra Manancial da Alvorada passou por transformações até chegar a essa liga.

“Via várzea” tem dois personagens principais. O líder do grupo, certamente, pelas composições desafiadoras. Tem humor, tem crítica social e muito talento envolvido. Impossível deixar de citar, também, o trabalho de Rafael Pfleger que, tal qual o maestro Brzozowski, conseguiu conduzir essa turma da pesada em estúdio e fazer com que o disco soe tão grande quanto a banda ao vivo – sem falar nas linhas de baixo incríveis.

As vozes de Dandara Manoela e Marissol Mwaba imprimem toda a carga dramática que faixas como “Cantiga do escravo liberto” e “Preço bom nós têm” pedem. Os riffs na instrumental “Outono” entregam o passado no metal de Brzozowski, que está mais do que bem acompanhado nesse álbum: Fabio Cadore (percussão), Paulo Zanetti (sopros), Leonardo Schmidt (guitarra e percussão) e Gabriel Dutra (bateria e sintetizador).

O trabalho será lançado nesta terça-feira (8), no Teatro Álvaro de Carvalho, com diversas participações especiais, incluindo Daniel Postal (guitarra) e Charles Kobarg (acordeon), que deixaram o grupo após a gravação do disco, e muitos outros convidados. Eu se fosse você não perderia a chance de assistir um show que promete ser antológico. A qualidade de “Via várzea” não deixa por menos: melhor álbum de 2018.

Daniel Silva é jornalista e editor do portal Rifferama, site criado em 2013 para documentar a produção musical de Santa Catarina. Já atuou na área cultural na administração pública, em assessoria de comunicação para bandas/artistas e festivais, na produção de eventos e cobriu shows nacionais e internacionais como repórter de jornal.

3 Comentários

  1. só fui conhecer essa bamda recentemente e ainda não tive o gosto de prestigiar ao vivo. a música elektromato é... eletrizante!
    só queria saber qual a letra, pois não consigo entender e não acho na internet!
    tem como me ajudar?
    era esse tipo de banda que minhas papilas gustativas auditivas estavam precisando já tem um bom tempo.
    abraços

    • Sei que é comentário velho, mas...

      Não sei, não sei equilibrar mas tudo bem
      Nem posso mais gorfar que sou do bem
      Sou junto mais que feliz sou de cem
      Sou réplica de cinco sou ninguém
      Sou jumento de outrém
      Sou sofrimento que já já se vem
      Sou sempre

      Cão, sarjeta desinfeta meu refrão
      Não deixa de checar a situação
      Não deixa de pegar na minha mão
      Vitória não se paga com perdão
      Não há reino sem jargão
      Não há sujeira sem livros no chão
      Vai tarde

      Mas, faz vítima do crime no Alcatraz
      Paz, desloratadina vem por trás
      Jaz, flora de uma fauna satisfaz
      Jaz, vítima de um mundo tão voraz
      Jovem besta incapaz
      Lança por lança a velha desfaz
      Do mundo

  2. Manancial!!! sou fã DE TD CORAÇÃO!!

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